As recentes etapas de pesquisa arqueológica realizadas na Ilha da Vitória coordenadas pela arqueóloga Cintia Bendazzoli - responsável pelas ações do Projeto de Gestão e Diagnóstico Arqueológico de Ilhabela - por meio do Instituto Histórico, Geográfico e Arqueológico e da Prefeitura de Ilhabela, resultaram em uma descoberta inédita para a região. Com a identificação e cadastramento dos sambaquis da Ilha da Vitória - monumentos de caráter funerário elaborados e construídos por populações indígenas antigas - teve início o processo de coleta de amostras para datação em Carbono 14.
A arqueóloga conta que as datações permitem o entendimento não apenas da ancestralidade da ocupação humana em território ilhabelense, como também permitem o entendimento de questões relacionadas ao uso do espaço e do aproveitamento de recursos em tempos pretéritos. “Vale dizer que, por terem sido muito destruídos por conta das instalações de engenhos e fazendas no período colonial e também devido à especulação imobiliária ocorrida em todo o litoral a partir da década de 50, os sambaquis são hoje protegidos por ampla legislação e toda a pesquisa em torno desses sítios é fundamental para o entendimento do modo de vida dessas populações já extintas”, explica.
As análises laboratoriais para a obtenção das datações revelaram que o sítio arqueológico mais antigo até então localizado em Ilhabela é o sambaqui denominado “Toca do Barro Vermelho”. Sua datação indica que o sítio foi construído há 2.060 anos, portanto é mais antigo que o sambaqui localizado no ano de 2007 em Furnas, norte da Ilha de São Sebastião, também estudado pela arqueóloga e que data de 1.920 anos atrás.
Outros sítios também datados na Ilha da Vitória revelaram que a presença dos construtores de sambaqui perdurou até 800 anos atrás, revelando uma ocupação aparentemente contínua de mais de mil anos naquele local.
Cintia também destaca que todo o trabalho que vem sendo realizado nesta e em outras localidades de Ilhabela tem contado com a participação da sociedade civil. O Sítio Toca do Barro Vermelho, localizado com a ajuda da comunidade tradicional caiçara da Ilha da Vitória e datado através do auxílio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente é um retrato de como a parceria entre poder público e sociedade civil resultam em benefícios para todos.
“Os sambaquis da Ilha da Vitória que atualmente integram o domínio do Parque Estadual de Ilhabela, condição que contribuiu para a conservação da integridade dos seus vestígios, serão estudados em detalhe no ano que vem, mas as pesquisas iniciais já desbancam as teorias relacionadas à ausência de ocupação indígena no arquipélago, defendidas por alguns autores no passado. A presença de significativo número de sítios arqueológicos na Ilha da Vitória e a comprovação de sua ocupação por povos sambaquieiros ao longo de mais de mil anos através das datações de C14 são prova de que as pesquisas arqueológicas em Ilhabela estão no caminho certo e permitirão revelar ainda mais sobre o passado desse belo arquipélago”.
Fonte: Prefeitura de Ilhabela
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