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quinta-feira, 28 de junho de 2012

Mais de 80% do Litoral Norte é ocupado pela Mata Atlântica

Foto: Miguel Nema Neto

A Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgaram  dados do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, no período de 2010 a 2011. Os dados completos podem ser acessados nos sites www.sosma.org.br e www.inpe.br. De acordo com o balanço, 100% das áreas das cidades do Litoral Norte estão inclusas em leis que visam cuidados e preservação da Mata Atlântica.

Ubatuba apresenta o maior espaço remanescente, 60.360 hectares, com 71.892 de área do município. Seguido por Caraguatatuba, que de 48.854 hectares apresentam 35.455 hectares remanescentes da Mata. Em sequência vem São Sebastião e Ilhabela. Isso representa mais de 80 % do Litoral Norte, ocupado pela Mata Atlântica. No balanço antecessor, de 2008, Ubatuba e São Sebastião eram as cidades que em áreas remanescentes da Mata lideram no Litoral Norte.

O documento mostra ainda que São Sebastião apresenta dados de desflorestamento, seis hectares, entre supressão de vegetação de restinga e vegetação de mangue. As demais cidades não registram números de desflorestamento.

De acordo com a fundação, São Sebastião possui três áreas consideradas prioritárias para a preservação ambiental – as ilhas e ilhotas, o Canal e o Parque Estadual (PE) Serra do Mar, núcleo do município. Em Ubatuba, as praias e costões e as ilhas são as prioridades. Já em Caraguá é o núcleo do PE, e em Ilhabela, as ilhas que compõem o arquipélago.

A Mata 
Figueira Branca foto: PESM - Caraguá

A Mata Atlântica é o bioma mais ameaçado do Brasil: restam somente 7,9% de remanescentes florestais em fragmentos acima de 100 hectares, representativas para a conservação da biodiversidade. Considerando todos os pequenos fragmentos de floresta natural acima de 3 hectares, o índice chega a 13,32%. Da área total do bioma Mata Atlântica, 1.315.460 km2, foram avaliados no levantamento 1.224.751 km2, o que corresponde a cerca de 93%. Foram analisados os Estados do Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo e Bahia.
Os dados são apresentados por Marcia Hirota, diretora de Gestão do Conhecimento e coordenadora do Atlas pela SOS Mata Atlântica; Flávio Jorge Ponzoni, pesquisador e coordenador técnico do estudo pelo INPE; e Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da Fundação.

Para Marcia Hirota, o alerta dado no ano passado parecem não ter sido suficiente. Entre os Estados avaliados em situação mais crítica estão Bahia e Minas Gerais, sobretudo nas regiões com matas secas. Já Flávio Ponzoni ressalta que a cada edição a avaliação tem sido feita com mais agilidade e maior precisão, validando os desmatamentos em imagens recentes de alta resolução e com trabalhos de campo. A base está sendo complementada com as áreas de campos naturais, várzeas, matas ciliares de forma a tornar as próximas versões mais completas e permitir um melhor monitoramento dos impactos negativos decorrentes das alterações do Código Florestal.

“Neste momento de crise, com o desmonte da legislação brasileira e a alteração do Código, é importante ter esse tipo de informação qualificada sendo gerada periodicamente para dar suporte a políticas públicas. Este é um ano de eleições e é fundamental que os candidatos a prefeito saibam qual é a base de Mata Atlântica que possuem em seu município e se comprometam com a proteção e recuperação da floresta”, diz Mario Mantovani. Nos últimos 25 anos, a Mata Atlântica perdeu 1.735479 hectares, ou 17.354 km2.

Os municípios 

Os novos dados do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica indicam também o desflorestamento de cobertura nativa por municípios. Para Mario Mantovani é importante que os municípios brasileiros sigam o que diz a Lei da Mata Atlântica e criem seus Planos Municipais de Conservação e Recuperação do bioma, uma espécie de Plano Diretor para orientar a gestão e uma ferramenta para garantir a continuidade das ações de proteção ambiental em diferentes governos.

Confira o ranking completo das 100 cidades que mais tiveram desmatamento e também os municípios mais críticos de cada Estado no relatório completo do Atlas dos Remanescentes Florestais 2010-2011, no servidor de mapas http://mapas.sosma.org.br.
O Atlas dos Municípios da Mata Atlântica revela a identificação, localização e situação dos principais remanescentes florestais existentes nos municípios abrangidos pelo bioma. Por meio do IPMA (Índice de Preservação da Mata Atlântica) – indicador criado pela SOS Mata Atlântica e pelo Inpe –, torna-se possível ranquear os municípios que mais possuem cobertura vegetal nativa. Os dados e mapas podem ser acessados pela internet, nos sites www.sosma.org.br,www.inpe.br ou diretamente no servidor de mapas.

Aplicação da Lei

A Mata Atlântica, complexo e exuberante conjunto de ecossistemas de grande importância, abriga parcela significativa da diversidade biológica do Brasil, reconhecida nacional e internacionalmente no meio científico. Lamentavelmente, é também um dos biomas mais ameaçados do mundo devido às constantes agressões ou ameaças de destruição dos habitats nas suas variadas tipologias e ecossistemas associados.
O alto grau de interferência na Mata Atlântica é bastante conhecido. Desde o descobrimento do Brasil pelos europeus, os impactos de diferentes ciclos de exploração, da concentração das maiores cidades e núcleos industriais e da alta densidade demográfica, entre outros, fizeram com que a vegetação natural fosse reduzida drasticamente. Temos hoje apenas 7,9% (101.770km2) de remanescentes mais preservados em áreas acima de 100 hectares. Esse total desconsidera a área do bioma Mata Atlântica do Estado do Piauí, que até o momento não foi mapeado.

Fonte: Jornal Imprensa Livre

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